9.01.2006

 

A partilha da Palestina pelas Nações Unidas

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Porque razão recomendaram as Nações Unidas a partilha da Palestina entre estado judeu e estado árabe?

“…Em Novembro de 1947 os Estados Unidos revelaram-se o mais agressivo proponente da partilha. Fizeram com que a Assembleia Geral adiasse uma votação “para ganhar tempo e conseguir alinhar certos estados da América Latina com as suas posições”.
Alguns delegados acusaram os Estados Unidos de “intimidação diplomática” .
Sem a “pressão violenta” por parte dos EUA junto de governos que não podiam dar-se ao luxo de arriscar-se a sofrer represálias da sua parte, declarou um editorialista anónimo , a resolução nunca teria “passado”
Referido por John Quigley no seu livro “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”.

Qual era a posição de Truman?

“Lamento muito meus Senhores, mas tenho que corresponder a centenas de milhar que aguardam ansiosamente pelo sucesso do sionismo. Dos meus eleitores não fazem parte centenas de milhar de árabes”
Palavras do Presidente Harry Truman, citado na obra de Abed-Rabbo e Mezvinsky “Anti-sionismo”, ed. Teikener.

Teria sido justa a partilha da Palestina, para árabes como para judeus?

“A rejeição árabe foi baseada no facto de que, enquanto a população do estado israelita era para ser metade judaica, não chegando os judeus a possuir 10% da área do estado, eram estes que ficavam como sector dominante – decisão que nenhum povo com respeito por si próprio poderia aceitar sem protesto, para dizer o mínimo…
A acção das Nações Unidas entrou em conflito com os princípios básicos que determinavam a organização mundial, nomeadamente quanto ao direito de todos os povos à auto-determinação.
Ao recusar aos árabes da Palestina, que constituíam uma maioria de dois terços dos habitantes do país, o direito a decidir por si mesmos, as Nações Unidas violaram a sua própria carta constitutiva.”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi.

Estavam os sionistas preparados para aceitar a partilha de território oferecida em 1947 pelas Nações Unidas?

“Enquanto que a liderança do Yishuv aceitou formalmente a Resolução de Partilha de 1947, vastos sectores da sociedade israelita – incluindo Ben-Gurion – ou se opunham à mesma ou se mostravam por ela abertamente contrariados, passando a encarar dali em diante a guerra como oportunidade ideal para expandir as fronteiras do novo estado para além daquelas que tinham sido demarcadas pelas Nações Unidas, à custa dos Palestinos”
In: “Tikkun”, Março/Abril de 1998, por Benny Morris, historiador israelita.

Posições públicas contra posições privadas sobre esta questão

“Em discussão interna de 1938, declarou David Ben-Gurion que: “depois de nos termos tornada numa força poderosa, como consequência da formação do nosso estado, aboliremos a “partilha” e vamo-nos expandir por todo o estado da Palestina.”
Em 1948 Menachem Begin declarou que “a partilha do território pátrio é ilegal. Nunca será reconhecido. As assinaturas de entidades individuais e colectivas no acordo redigido são inválidas e não vinculam o povo de Israel, no seu todo. E para sempre”!
In: “The Fateful Triangle”, de Noam Chomsky.

O começo da guerra

“Em Dezembro de 1947, os britânicos anunciaram que se retirariam da Palestina no ano seguinte, a 15 de Maio.
Os palestinos de Jerusalém e Jaffa convocaram uma greve geral contra a “partilha”. A luta estalou nas ruas de Jerusalém quase imediatamente. Confrontos violentos descambaram numa guerra total.
Durante o fatídico Abril de 1948, oito de treze dos principais ataques militares dos sionistas aos palestinos tiveram lugar em territórios que pertenciam ao estado árabe.”
Publicado pelo “People Press Palestine Book Project” sob o título: “Our Roots Are Still Alive”.

Os sionistas desrespeitam as fronteiras da “partilha”

“…Antes do fim do mandato e, por conseguinte antes de existirem possibilidades de qualquer intervenção dos estados árabes, os judeus, aproveitando a sua organização e superioridade militar ocuparam a maior parte das cidades árabes da Palestina, antes de 15 de Maio de 1948. Tiberias foi ocupada a 19 de Abril, Haifa a 22 de Abril, Jaffa a 28, os bairros árabes da Nova Cidade de Jerusalém a 30 de Abril, Beisan a 8 de Maio, Safad a 10 de Maio, Acre a 14…
Em contraste os árabes palestinos não tomaram nenhum dos territórios reservados para o estado israelita, conforme a resolução da “partilha”…”
In: “Palestine, the Arabs and Israel”, de Henry Cattan, autor britânico.

As culpas duma escalada do conflito

“Menahem Begin, líder do Irgun, diz-nos em Jerusalém como noutros locais “fomos os primeiros a passar da defensiva à ofensiva… Os árabes começaram a fugir aterrorizados… a Hagana (o exército israelita) empreendia ataques com êxito noutras frentes , enquanto que todas as forças israelitas continuavam a avançar por Haifa como faca em manteiga”... Os israelitas argumentavam agora que a guerra da Palestina tinha começado com a entrada das forças árabes na Palestina depois de 15 de Maio de 1948. Porém essa era a segunda fase da guerra; com efeito os israelitas ignoraram os massacres, as expulsões e as usurpações que tinham ocorrido antes daquela data, e que teriam justificado a intervenção de outros estados árabes”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi.

O massacre de palestinianos de Deir Yassin por soldados judeus

“Durante todo o dia 9 de Abril de 1948, os soldados da Irgun e da LEHI levaram a cabo matanças a sangue frio.
Os atacantes alinharam homens, mulheres e crianças contra os muros e liquidavam-nos a tiro.
A ferocidade dos ataques a Deir Yassin chocou a própria comunidade judaica mundial, semeou o pânico na sociedade árabe e conduziu à fuga de civis desarmados dos seus lares por todo o país”
In: “The Birth of Israel” de Simha Flapan, autor israelita.

Foi o massacre de Deir Yassin o único do mesmo calibre?

“…em 1948 os judeus não somente eram capazes “de se defender” como o eram de cometer atrocidades. Sem dúvida, de acordo com as informações prestadas pelo antigo director dos arquivos secretos do exército israelita “em quase todas as localidades ocupadas por nós durante a Guerra da Independência foram cometidos actos definíveis como crimes de guerra, tais como assassinatos, massacres e violações”. Uri Milstein , o autorizado historiador militar da guerra de 1948 vai mais além, afirmando que qualquer escaramuça com árabes acabava num massacre”.
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, de Norman Finkelstein.





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