9.01.2006

 

A guerra de 1967 e a ocupação israelita da Cisjordânia e da Faixa de Gaza

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Foram os Egípcios que de facto começaram a guerra de 1967, tal como afirmou de início Israel ?

“O anterior comandante da Força Aérea, General Ezer Weitzman, considerado um “falcão” , declarou que não havia “ameaça de destruição, mas que o ataque ao Egipto, à Jordânia e à Síria contudo se justificava de modo a que Israel pudesse existir de acordo com a escala, o espírito e a qualidade que lhe agora lhe corresponde”; Menahem Begin tinha as seguintes observações a fazer: “Em Junho de 1967, mais uma vez não tínhamos alternativa. As concentrações do exército Egípcio em aproximação ao Sinai não comprovavam que Nasser estivesse para nos atacar.
Temos de ser honestos connosco próprios: Nós é que decidimos atacá-lo.
In: “The Fateful Triangle” de Noam Chomsky.

A Guerra de 1967 foi defensiva? (continuação)

“Não julgo que Nasser quizesse a guerra. As duas divisões que ele mandou para o Sinai não teriam sido suficientes para lançar uma ofensiva de guerra. Ele sabia-o e nós também.”
Yitzhak Rabin, Chefe do Estado Maior Israelita em 1967, in Le Monde 28 de Fevereiro de 1968.

Declarações póstumas de Moshe Dayan a respeito dos Montes Golan

“Moshe Dayan o celebrado comandante que em 1967, como ministro da Defesa, deu ordens para conquistar o Golan disse que muitas das escaramuças com os Sírios foram deliberadamente provocadas por Israel, e que os residentes do Kibbutz que fizeram pressão sobre o governo para tomar os montes Golan fizeram-no menos por segurança do que para conquistar terra arável, e acrescentou: Nem sequer tentaram esconder a sua avidez pela terra… estávamos prontos para fazer avançar um tractor para lavrar um bocado de terra qualquer na zona desmilitarizada, ainda que nela nada se pudesse cultivar, e tínhamos de antemão a certeza de que os Sírios começariam logo a disparar. Se o não fizessem mandávamos o tractor continuar a avançar, até que fosse inevitável que eles o fizessem.
A seguir a isso começaríamos com a artilharia, depois com a força aérea, e pronto, foi o que se passou. Ao fim de quatro dias os Sírios tinham cessado de ser uma ameaça para nós…”
In: “The New York Times”, 11 de Maio de 1997.

A história do expansionismo Israelita

A aceitação da “partilha” não nos compromete a renunciar à Transjordânia (Parte oeste da Jordânia que se estende ao longo da margem esquerda do rio Jordão); Ninguém pode pedir a alguém que renuncie aos seus intentos. Aceitamos um estado cujas fronteiras sejam fixadas num dado momento. Mas as fronteiras das aspirações sionistas são da responsabilidade do povo judeu e nenhum factor externo poderá limitá-la”.
Afirmação de David Bem-Gurion de 1936, citado por Noam Chomsky na sua obra “The fateful Triangle”.

“O principal perigo que Israel, como estado judaico, coloca ao seu povo, aos outros judeus e aos seus vizinhos é a procura ideologicamente motivada de expansão teritorial e a inevitável série de guerras resultante desse objectivo…”
Nenhum político sionista repudiou alguma vez a ideia de Bem-Gurion de que as políticas do estado Israelita devem ser baseadas (dentro dos limites das considerações práticas) na reconstituição das fronteiras bíblicas do estado judaico…”
Declaração do professor israelita Israel Shahak, in “Jewish History, Jewish Religion: The Weight of 3000 Years”.

Expansão

Nos diários pessoais do primeiro ministro Israelita Moshe Sharatt há um excerto de Maio de 1955 no qual ele cita Moshe Dayan: Israel deve tomar as armas como meio principal, senão o único, para manter o seu moral alto e a prontidão das suas disposições. Para concretizar isso não só pode, como deve inventar perigos e, para fazê-lo, deve adoptar o método da provocação-vingança… E acima de tudo – tenhamos esperança numa nova guerra com os países árabes, de modo a podermos ver-nos livres dos nossos problemas e conquistar mais espaço…”
Citação feita por Livia Rokach, in: “”Israel’s Sacred Terrorism”.

E a terra ocupada aos árabes, não era necessária à segurança de Israel?

“..O senador J. William Fulbright propôs em 1970 que a América devia assinar formalmente um tratado que garantisse a segurança de Israel, recorrendo à intervenção armada se necessário. Em contrapartida Israel retirar-se-ia para as suas fronteiras de 1967. O Conselho de Segurança das Nações Unidas asseguraria este acordo, convencendo nesse sentido a União Soviética – na altura fornecedora de apoio político e de armas aos países árabes. Na altura em que as tropas Israelitas se retirassem dos Montes Golan, da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, seriam substituídas por forças de manutenção da paz da ONU. Israel garantiria a aceitação de certo número de palestinos e os restantes seriam instalados num estado palestino fora de Israel.

O plano suscitou apoio jornalístico nos Estados Unidos, mas foi frontalmente rejeitado por Israel. “Fulbright ficou muito contrariado, tal como disse o seu biógrafo Randall Woods: Os israelitas nem sequer estavam interessados em actuar na defesa dos seus próprios direitos…”
In: “Issues in the American Council for Judaism”, Allan Brownfield, Outubro de 1997.
(Nota: esta foi apenas uma de muitas propostas então apresentadas para resolução do problema)

O que aconteceu depois do fim da guerra de 1967?

“…Violando a legislação internacional, Israel confiscou 52 por cento da terra da Cisjordânia e 3 por cento da Faixa de Gaza para fins militares ou colonatos civis judaicos. De 1967 a 1982 o governo militar de Israel demoliu 1.338 casas de famílias de palestinos na Cisjordânia. Durante esse período mais de 300.000 palestinos foram detidos por forças de segurança israelitas, sem julgamento, por períodos variáveis de tempo….”
In: “Intifada: The Palestinian Uprising Against Israeli Occupation”, ed. Lockman and Beinin.

Opinião internacional a respeito da legalidade da acção de Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza

De acordo com a carta das Nações Unidas não são legítimos os ganhos territoriais com base na guerra, mesmo da parte de países agindo em legítima defesa. A resposta de outros estados às ocupações feitas por Israel mostram a opinião unânime de que, mesmo se fosse defensiva a actuação de Israel, a sua retenção da Faixa de Gaza e da Cisjordânia não seria legal. A Assembleia Geral das Nações Unidas caracterizou a ocupação daqueles territórios como uma denegação do direito à autodeterminação e, deste modo, uma “uma ameaça séria e crescente à paz e à segurança internacional…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice” de John Quigley.

Exemplos dos efeitos da ocupação israelita

“…Um estudo dos estudantes da Bethlehem University referido pelo Comité de Coordenação Internacional das ONG’s em Jerusalém mostraram que muitas famílias naqueles territórios passam cinco dias por semana sem água corrente disponível. O relatório indica que “é restringido o uso da água para os palestinos ali residentes enquanto que os colonos judeus dispõem de quantidades de água praticamente ilimitadas…”

“…Uma visita de Verão a um assentamento judaico à beira do deserto da Judeia a menos de 8 km de Belém, confirmou esta iniquidade no uso da água. Enquanto que os árabes residentes em Belém compravam água distribuída por camiões-tanque a preços altamente inflaccionados, os relvados no assentamento estavam verdes, a rega por aspersão estava ligada ao meio dia em pleno sol de Agosto e ruído alegre das crianças nadando em piscinas exteriores acrescentava a essa visão um toque de irrealidade…”.
In: “The Link”, da autoria de Betty Jane Bailey, Dezembro de 1996.

“Deverá ser recordado que noventa por cento das crianças com dois ou mais anos já passaram – algumas de modo frequente – pela experiência de viverem numa casa frequentemente invadida pela tropa israelita, ver parentes seus espancados e pertences seus destruídos. Muitos deles foram espancados, sofreram fracturas, apanharam tiros, sofreram o efeito de gases lacrimogéneos, ou viram vizinhos e parentes seus sofrerem tal tratamento. O lado emocional da criança é afectado pela falta de segurança. A criança necessita de se sentir segura. E as consequências posteriores são observáveis. Nas nossas investigações descobrimos que as crianças que são expostas a traumatismos assumem comportamentos e concepções políticas extremados.. “
Afirmações do Dr. Samir Quota, director de investigações do Programa de Saúde Mental da Comunidade de Gaza, citado no “The Journal of Palestine Studies”, Verão de 1996, pg. 84.

“…Não há coisa que se pareça com aquilo que se sente ao ouvir um palestino de 35 anos que trabalhou 15 anos clandestinamente em Israel para poupar para construir uma casa para a família, tendo regressado a casa um dia descobrindo que a mesma tinha sido arrasada por um buldozer israelita. Quando lhe perguntei porque foi feita tal coisa, de notar que o terreno era propriedade sua, disse-me que um soldado israelita lhe tinha dado um papel no dia seguinte afirmando que a casa tinha sido construída sem licença. Em que outra parte do mundo será exigida uma licença (que sempre lhe fora recusada) para construir em terreno de sua propriedade? Os judeus podem construir, mas os palestinianos nunca. Isto é “apartheid”….”
In: “The Nation”, de Edward Said, 4 de Maio de 1998

Todos os colonatos judaicos nos territórios ocupados pela guerra de 1967 são uma violação directa da Convenção de Genebra, subscrita por Israel

“…A convenção de Genebra exige que as forças ocupantes modifiquem o menos possível a ordem existente nos territórios ocupados, durante a ocupação respectiva. É parte dessa obrigação deixar o território para a população que lá encontrou, não podendo transferir para ali população sua para ocupar o território. Tal proibição encontra-se inscrita no Artigo 49 da Convenção que declara: “A potência ocupante não deportará ou transferirá parte da sua própria população para o território que ocupa…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.

Excertos dos relatórios a respeito da Intifada, do Departamento de Estado dos USA

“A seguir, alguns excertos dos “Relatórios Regionais sobre a Prática dos Direitos Humanos” do Departamento de Estado dos USA, de 1988 a 1991:

1988: “…Muitas mortes e muitos feridos evitáveis foram causados porque os soldados israelitas usaram frequentemente armas de fogo em situações que não representavam perigo mortal para esses soldados. As forças armadas israelitas usaram bastões para quebrar membros e espancar palestinianos que não estavam directamente envolvidos em distúrbios ou resistindo aos aprisionamentos… Foi noticiado que pelo menos treze palestinos morreram de tais espancamentos…”

1989: “…Grupos de defesa dos direitos humanos acusaram seguranças vestidos à civil terem actuado como esquadrões da morte que assassinaram activistas sem culpa formada, depois destes se terem rendido ou depois de se encontrarem subjugados…”

1991: “…o relatório acrescenta que os grupos de defesa dos direitos humanos publicaram “relatórios credíveis e detalhados de sessões de tortura, sevícias sexuais e maus tratos infligidos a prisioneiros palestinianos detidos em prisões ou centros de detenção…”
Afirmações de Paul Findley, ex-congressista dos USA no livro “Deliberate Deceptions”.

Jerusalém – Capital eterna e indivisível de Jerusalém?

“…Na edição de 28 de Fevereiro de 2000 do “The Jerusalém Report”, Leslie Susser fazia notar que as actuais fronteiras foram traçadas depois da guerra dos seis dias. A responsabilidade por esse traçado recaiu sobre o Chefe do Comando Central Rehavan Ze’evi. A linha que o mesmo traçou envolveu não somente os 5 km quadrados de Jerusalém Leste árabe, mas também 65 km quadrados de terrenos abertos circundantes e localidades, muitas das quais jamais tinham tido relacionamento municipal com Jerusalém. Do dia para a noite essa enorme área passou a fazer parte da “capital eterna e indivisível” de Israel…”
In: The Washington Report On Middle East Affairs, Maio de 2000, por Allan Brownfield.

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